“Votar ou não votar?” é uma questão?
No próximo dia 10 de março serão as Eleições Legislativas e os cidadãos e as cidadãs portuguesas, maiores de 18 anos, já podem exercer o seu direito de voto. Votar é um ato simples, mas é, sobretudo, um direito. É o momento em que participamos na vida política do país, elegendo quem nos representa e quem nos governará nos próximos tempos, através de decisões que influenciarão a nossa vida em muitas áreas – educação, saúde, trabalho, lazer, etc. – e, muito particularmente na esfera do consumo. Como tal, é uma decisão importante em democracia que requer reflexão e informação.
Votar para quê?
Ao longo da história da humanidade, em muitas culturas e sociedades, nem todos podiam votar. Na Antiga Grécia, que é conhecida por ser o berço da democracia, os escravos e os metecos não podiam exercer o seu direito de voto. Só a elite é que podia votar. Em certos períodos da história recente, só as pessoas percecionadas como brancas é que podiam votar. As pessoas consideradas negras não podiam faze-lo. Hoje, qualquer mulher na parte ocidental do mundo pode votar, exercendo o seu direito à cidadania, mas tal só se deveu à luta de muitas mulheres (e homens) pelo seu direito ao voto, pois até início do século XX, as mulheres não podiam votar, ou seja, não eram consideradas cidadãs na plena asserção da palavra.
Os jovens e a política: do voto à #decojovem
Hoje, discute-se se se deve baixar a idade da maioridade para os 16 anos, o que implica dotar os jovens de mais e melhor acesso à informação. Como agentes de futuridade, os jovens têm um papel importante na democracia e na discussão dos valores nacionais, europeus e globais. Ainda assim, os níveis de abstenção continuam altíssimos.
Hoje os/as jovens participam politicamente por outras vias. As redes sociais – como o Facebook, o Instagram, o TikTok ou o X (ex-Twitter) – são também algumas das plataformas onde os/as jovens se expressam politicamente, sem se comprometerem com as formas mais tradicionais – como, por exemplo, o ingresso numa juventude partidária. Muitos/as jovens/mas encontram na arte uma forma de se expressar politicamente. Outros/as integram-se em coletivos e em movimentos de natureza política mais informal – é o caso do ativismo climático que é hoje em dia um dos movimentos mais expressivos de jovens.
A política é um processo de aprendizagem que se faz de forma informal através das vivências na família, na escola, em diferentes tipos de instituições e organizações (desportivas, religiosas, cívicas), dos média ‘tradicionais’ aos meios digitais, nos livros e até nos jogos de computador. Por exemplo, quando vamos ao supermercado, e tomamos decisões sobre consumo, essa decisão é política pois os bens ao nosso dispor e as decisões que tomamos são influenciados por medidas políticas e ideológicas: É um produto nacional ou internacional? Que preocupações estão ali presentes – ou ausentes – sobre sustentabilidade? Que tipo de escolhas alimentares tenho ao meu dispor, e o mesmo princípio se aplica às questões da energia, dos recursos, entre outros.
Dicas para as #eleicoes
Literacia política é o nome que se dá ao conjunto de habilidades consideradas necessárias para que os cidadãos e as cidadãs participem do governo de uma sociedade. Traçamos então as principais dicas a considerar nestas eleições:
- Ter toda a documentação necessária: o que, em muitos casos, passa apenas por ter o Bilhete de Identidade ou o Cartão de Cidadão com a fotografia atualizada e dentro da data de validade;
- Deslocar o mais cedo possível às urnas: dessa forma, evita-se aglomerações;
- Pesquisar sobre as propostas dos candidatos. Se possível, ler os programas dos partidos candidatos às eleições ou, então, ter uma noção das principais ideias;
- Definir os valores e as causas prioritárias; às vezes, é impossível ler detalhadamente os programas eleitorais ou então encontrar um partido que reúna todas as medidas que idealizamos para o país, então, é importante definir o que mais nos move na hora de ir votar;
- Falar com várias pessoas: mesmo tendo visões diferentes, é importante falar com algumas pessoas para perceber os seus pontos de vista e os seus argumentos na hora de ir votar, para ter uma perceção mais completa sobre as ideologias, partidos e candidatos, sempre com o cuidado de respeitar a opinião de cada um/a e desconstruir estereótipos e preconceitos;
- Estar alerta para as notícias falsas (fake news) e também para os deep fakes: é normal que notícias sobre política nacional se tenham multiplicado nos últimos dias, mas também é importante termos consciência crítica para perceber se o que é publicado corresponde à verdade ou não; se trata de uma realidade ou de uma manipulação. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social admite que têm sido identificados vários casos de manipulação ou "fake news", principalmente nesta altura de campanha eleitoral.
Nunca é demais lembrar que enquanto jovem e consumidor/a tens direito a vez, veto e voz.
Votar é, sem dúvida, uma forma de exercer esse direito. Boas eleições!