SEMANA EUROPEIA DA PREVENÇÃO DE RESÍDUOS – DESPERDÍCIO ALIMENTAR A EDUCAÇÃO NA LUTA CONTRA O DESPERDÍCIO ALIMENTAR
O desperdício alimentar é um problema urgente que deve ser abordado nas escolas para sensibilizar os/as jovens sobre os impactes económicos, sociais e ambientais que afetam a sustentabilidade.
Em Portugal, o desperdício de alimentos atinge proporções preocupantes, sendo o terceiro a nível europeu que mais alimentos desperdiça, com uma média de 185 kg de alimentos desperdiçados por habitante por ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Tendo em conta o valor total de desperdício alimentar, i.e., 1,9 Mil Toneladas, 67% provêm das famílias, o que sublinha a necessidade de promover comportamentos mais responsáveis no consumo e gestão dos alimentos.
Do ponto de vista ambiental, o desperdício alimentar contribui significativamente para as emissões de gases com efeito de estufa, sendo responsável por cerca de 8% das emissões globais, de acordo com a Comissão Europeia. Os alimentos descartados em aterros produzem metano, um gás com efeito de aquecimento global 25 vezes superior ao dióxido de carbono. Além disso, desperdiçar alimentos representa também desperdiçar recursos como água, energia e solo, utilizados na sua produção. Em Portugal, onde grande parte dos alimentos é importada, o impacto ambiental deste desperdício é ainda mais grave devido à elevada pegada de carbono associada ao transporte de alimentos. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a redução do desperdício alimentar pode ser uma das formas mais eficazes de combater as alterações climáticas.
Além dos impactes ambientais, o desperdício alimentar tem também consequências económicas e sociais. A nível individual, estima-se que as famílias portuguesas percam anualmente cerca de 336€ devido ao desperdício de alimentos, o que representa aproximadamente 10,8% do seu orçamento familiar destinado à alimentação. A nível global, o custo económico do desperdício alimentar é de cerca de 750 mil milhões de euros por ano, um montante que reflete o custo dos recursos gastos na produção, transporte e eliminação de alimentos que nunca chegam a ser consumidos.
Enquanto toneladas de alimentos são desperdiçadas, 33 milhões de pessoas na União Europeia estão em risco de insegurança alimentar. Em Portugal, mesmo com o esforço de organizações como a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, que recolhem e distribuem excedentes alimentares, o desperdício continua elevado, refletindo um paradoxo entre abundância e carência alimentar.
A sensibilização para o consumo responsável e para uma gestão mais consciente dos alimentos revela-se, assim, essencial, sobretudo em contexto escolar, para que os/as jovens desenvolvam uma reflexão fundamentada sobre práticas de consumo sustentáveis. Neste contexto, a Semana Europeia de Prevenção de Resíduos (EWWR), no qual a DECOJovem faz parte desde a 1ª edição, assume particular relevância, incentivando escolas, empresas e cidadãos a adotar ações concretas de combate ao desperdício alimentar e a promover uma economia circular.
A promoção de práticas alimentares sustentáveis, como a Dieta Mediterrânica – classificada pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade – constitui igualmente uma base sólida para a reflexão em torno do consumo consciente. Esta dieta, centrada no consumo de produtos locais, sazonais e maioritariamente vegetais, reduz a pegada ecológica e contribui para a minimização do desperdício.
Assim, durante a Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, a DECOJovem dinamizará duas aulas abertas digitais sobre o desperdício alimentar, dirigidas a professores/as e alunos/as, que decorrerão nos dias 20 e 21 de novembro, entre as 10h e as 11h e entre as 15h e as 16h, respetivamente. Estas sessões visam aprofundar o conhecimento dos/as jovens alunos/as sobre os impactes éticos, ambientais e económicos do desperdício alimentar, promovendo o desenvolvimento de uma consciência crítica e a construção de uma cultura de consumo sustentável e responsável.
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